Você conhece a goiabinha?

A goiabinha, também conhecida como goiaba-brava (Figura 1), pertence à família botânica Myrtaceae, cujo nome científico é Myrcia tomentosa, que vem de Mirto – do latim Myrtus, nome clássico de mirto - uma planta da família Myrtaceae conhecida como murta e, tomentosa, que significa tricomas (popularmente conhecido como pêlos). 

Figura 1: Goiabinha na Mata da PUC Minas -   ®Gabriela Pereira
Figura 1: Goiabinha na Mata da PUC Minas - ®Gabriela Pereira

A família Myrtaceae possui distribuição pantropical e subtropical, com dois centros principais de desenvolvimento: a América tropical e a Austrália. Na flora brasileira, as Myrtáceas aparecem entre as famílias mais comuns na maioria das formações vegetais, com destaque para a Floresta Atlântica e para a Floresta de Restinga. Alguns autores informam que, os representantes americanos da família são muito semelhantes e, este fato, dificulta a identificação em nível específico. São plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas; com córtex que pode ou não esfoliar-se; com ou sem tricomas; presença de pontos translúcidos (canais de óleo) nas folhas, flores frutos e sementes. Outros representantes da mesma família botânica são: pitanga, jabuticaba, eucalipto, gabiroba, cagaita, araçá, jambo e jambolão (esta duas últimas exóticas), entre outros. 

 

De acordo com alguns especialistas, o gênero Myrcia apresenta 374 espécies que vão desde a América Central até o norte da Argentina. No Brasil são encontradas 214 espécies e os estados de Minas Gerais e Goiás são considerados os principais centros de distribuição. O gênero Myrcia apresenta grande potencial econômico. Suas espécies são utilizadas na alimentação, de forma variada, seja para fazer sucos, doces, geleias e sorvetes. Além disso, tem potencial ornamental e medicinal. Neste último, destaca-se o seu uso no tratamento da gripe, congestão nasal e sinusite.

 

A goiabinha ou goiaba brava, Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. é considerada uma árvore, podendo chegar a uma altura de 6 a 12 m. Sua folhas são simples , opostas, com tricomas (Figura 2) e apresentam glândulas de óleo (Figuras 3 e 4). 

                       Figura 1: Tricomas                          Figura 2: Glândulas de óleo                           Figura 4: Glândula de óleo (Maior aumento)

Fotos por Lucca Michetti

 

Apresenta tronco tortuoso, cilíndrico, com casca fina, lisa e uma superfície marrom-avermelhada (Figuras 5 e 6). 

                                     Figura 5: Tronco                                                                                                     Figura 6: Detalhes do tronco

Fotos por Gabriela Pereira 

Figura 7: detalhe dos frutos - variação da coloração dos mesmos de acordo com a maturidade
Figura 7: detalhe dos frutos - variação da coloração dos mesmos de acordo com a maturidade

Possui inflorescência do tipo panículas com flores pequenas de coloração esbranquiçada. Os frutos são pequenos, do tipo drupa, de cor arroxeada (Figura 7) quando maduro e de polpa carnosa. 

 

A planta floresce em estações mais quentes e chuvosas, de julho a outubro, e os frutos amadurecem a partir de dezembro. Estudiosos da família citam ainda que a espécie é típica do cerrado e mata semidecídua de altitude. Além disso, é considerada pioneira. 

Apresenta uma grande importância ecológica, pois seus frutos suculentos e carnosos são fontes de alimento para a fauna silvestre. Muitos animais que se alimentam desses frutos acabam veiculando a dispersão das sementes e favorecendo a sobrevivência e permanência da espécie, como por exemplo aves e mamíferos. A polinização é realizada principalmente por abelhas, atraídas pelas flores e pelo néctar, mesmo que em pouca quantidade. Em relação à sua importância econômica, o homem a tem utilizado na construção civil para confecção de cercas, portões, móveis rústicos, e estrados. 

Autores: Alexandre Otoni, Felipe Datto, Lucca Michetti, Luísa Vidal, Luísa Uchôa, Valter Júnior e Victor Hugo Machado.

Orientador: Maria de Fátima Vieira Starling

Referências  Bibliográficas

  1. BARROSO, G.M..  Sistemática  de Angiospermas  do  Brasil.  Viçosa:  UFV,  Imprensa  Universitária.  v.2.  1991.    
  2. CRUZ, A.V.M;  KAPLAN, M.A.C..  Uso medicinal de espécies  das  famílias  Myrtaceae  e  Melastomaceae  no  Brasil. Floresta  e  Ambiente,  v.11,  n.1,  p.47-  52,  ago/dez.  2004.  
  3. GOMES,  S.M;  SOMAVILLA, N.S.D.N;  GOMES-BEZERRA, K.M;  MIRANDA, S.C;  De-CARVALHO, P.S;  GRACIANORIBEIRO,  D..  Anatomia  foliar  de  espécies  de  Myrtaceae:  contribuições  à  taxonomia  e  filogenia. Acta  bot.  bras., v.23,n.1,  p.  223-238,  2009.
  4. GOVAERTS, R.;  SOBRAL,  M.; Ashton,  P.;  Barrie,  F.;  Holst,  B.K.;  Landrum,  L.L.;  Matsumoto,  K.;  Mazine,  F.F.;  Nic Lughadha,  E.;  Proença,  C.;  Soares-Silva,  L.H.;  Wilson,  P.G.  &  Lucas,  E.  World  checklist  of  Myrtaceae.  Cambridge, UK:  Kew  Publishing,  Royal  Botanic  Gardens,  Kew.  2088p.  2008.
  5. GRESSLER, E.  Floração  e  Frutificação  de  Myrtaceae  de  Floresta Atlântica:  Limitações  Ecológicas  e  Filogenéticas. 2005.  102p.  Dissertação  (Mestrado).  Universidade  Estadual  Paulista,  Instituto  de  Biociências  do  Campus  de  Rio Claro.  São  Paulo.  2005.  
  6. GRESSLER, E;  PIZO,  M.A;  MORELLATO, L.P.C.  Polinização  e  Dispersão  de  Sementes  de  Myrtaceae  no  Brasil. Revista  Brasil  Botânica.  v.29,  n.4,  p.  509-530.  out-dez  2006.
  7. LIMA,  D.F.S..  Estudos  Biossistemáticos  e  Taxonônicos  sobre  o  Complexo  Myrcia  tomentosa  Cambess.  (Myrtaceae). Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia. Campinas. 2013.
  8. MACEDO, R.B; SOUZA, P.A; BAUERMANN, S.G. Catálogo de pólens, esporos e demais polinomorfos em sedimentos holocênicos
  9. MORAIS, L.M.F.; CONCEIÇÃO, G.M.; NASCIMENTO, J.M.. Família Myrtaceae: Análise Morfológica e Distribuição Geográfica de uma Coleção Botânica. Agrarian Academy, Centro Científico Conhecer- Goiânia, v.1,n.1, p.317-347. 2014.
  10. OLIVEIRA, P.E; GIBBS, P.E. Reproductive biology of woody plants in a cerrado comunity of Central Brazil. Flora. v.195. p.311-329. 2000.
  11. ROMERO, R.; ROSA, P.O.. O Gênero Myrcia (Myrtaceae) nos campos rupestres de Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia. v.63, n.3, p.613-633, 2012.
  12. SIQUEIRA, H.F.; SOUZA, L.F; AMARAL, E.V.E.J.; JUNIOR, V.Q.S.. A família Myrtaceae no Brasil. 64° Congresso Nacional de Botânica. Belo Horizonte, 10-15 nov. 2013.
  13. TORENZAN-SILINGARDI, H.M; OLIVEIRA, P.E.A.M. Phenology and reproductive ecology of Myrcia rostrata and M. tomentosa (Myrtaceae) in Central Brazil. Phyton (Horn). v.44. p.23-42. 2004.